Sexualidade em Winnicott
- Rogério Paulo
- 10 de nov. de 2024
- 2 min de leitura

A sexualidade, na perspectiva de Donald Winnicott, está profundamente entrelaçada com o desenvolvimento emocional e o amadurecimento de si mesmo, diferentemente das concepções centradas exclusivamente na dimensão biológica ou pulsional. Para Winnicott, a sexualidade emerge e se estrutura ao longo do desenvolvimento, influenciada pelas interações iniciais do indivíduo com o ambiente – especialmente pela relação mãe-bebê, que é central na teoria winnicottiana.
Winnicott entende a sexualidade como uma expressão da integração entre a mente, o corpo e as emoções. Ela não é reduzida à genitalidade, mas abrange as experiências que uma criança tem no contato com o ambiente, em particular com a figura materna, e é vista como um aspecto da vida emocional que se consolida na relação do bebê com um ambiente suficientemente bom. Esse ambiente facilita a integração da vida psíquica e corporal, propiciando que o indivíduo desenvolva uma base segura para a experiência de prazer.
Na fase inicial da vida, marcada pela dependência absoluta, o bebê é incapaz de distinguir entre ele e o mundo externo, e a mãe é fundamental ao provar a continuidade e previsibilidade que o auxiliam a organizar suas experiências. Nesse contexto, a sexualidade começa a se formar a partir do contato físico e das respostas maternas, que são absorvidas no corpo e, mais tarde, tornam-se bases para a expressão sexual e a capacidade de se relacionar com outras pessoas de maneira genuína. Winnicott vê a sexualidade como uma integração de vivências de prazer e satisfação que, inicialmente, não tem conotação sexual explícita, mas que vão se consolidando conforme o desenvolvimento do self.
Para que a sexualidade seja experimentada de modo saudável, o desenvolvimento deve incluir a vivência de experiências transicionais – aquelas que possibilitam ao indivíduo explorar um espaço intermediário entre a fantasia e a realidade. Esses elementos transicionais, como o uso de objetos transicionais e a capacidade de brincar, permitem ao sujeito desenvolver um senso de confiança e autonomia na sua relação com o mundo e, eventualmente, em suas relações íntimas. A sexualidade não é dissociada do ambiente ou das interações interpessoais.